domingo, 19 de abril de 2009
Às bocas
Eu hoje descobri onde ficam os sentimentos do mundo:
na boca do estômago.
Na mesa posta a família reza o ódio
e o problema são as bocas.
Não as bocas que falam
mas as bocas que comem
e o soco que dói mais
é na boca do estômago.
Demora-se a compreender que há-sim
comida para todos
o que falta é tolerância.
“Uma boca a mais!”
“Uma boca a menos!”
“Fulano vem?”
“Fulano não vem?”
Me surpreende ouvir a mãe preta da favela
pouco estudada que sabe
onde comem quatro comem cinco.
A classe média pensa com o estômago.
E há muita fome no mundo.
Há a fome de cabelo
de unhas
de pêlos
de boate...
Há a fome de gasolina
a fome de grife
a fome de fome
a fome pela fome.
Está aí a causa de tudo:
o pior medo é o da falência.
Mas por que o medo da pobreza
se estão ricos de hipocrisia e egoísmo?
É só trocar na Casa de Câmbio
por um bom sanduíche de dólar.
(Guilherme de Carvalho)
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